quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O dia da morte de nós mesmos.


O dia da morte de nós mesmos

Inicio o texto com a seguinte questão: Por que será que a curiosidade nos evoca sempre algo?
O encontro com o (um) outro nos dá margem a criação, porque é no sinistro modo de viver que encontramos a chave para o mundo das maravilhas alucinatórias e fantasias, estas, elixir de nossa existência.
É lá, nas fantasias, que reside nosso mais íntimo sentimento para com o apego a vida (Èros reside no obscuro – de lá, de onde as fantasias nascem- por que é de lá que saem nossos mais perdidos encontros, aquilo que buscamos com tanta veemência durante toda vida, o olho d’agua do tal amor).
Afinal, buscamos o que? Que desconhecido tão familiar nos evoca a viver? Essas são questões que desconheceremos a resposta.
Mas não nos angustiemos antecipadamente, as formas – e fôrmas- como estas questões nos surgem podem se tornar  e ser  também tão gratificantes quanto encontrar uma assertividade;  e que vivenciadas sem tanto anseio sejam o que os seres denominam, felicidade, habitar nossa escuridão, sem medo de “ver” o que ela esconde, talvez seja um percurso para encontrá-la.
É incrível que seja, justamente, naquilo que temos de mais escuro que nos chegue a claridade.
Estamos sempre tensionados a buscar a vida, mas onde está a vida?Se não no absurdo fundo do poço, onde nos fundamentamos com(o) um desconhecimento voraz de nós mesmos.
Lutar contra uma pulsão de morte (tendo – ou sendo - ela uma inimiga do viver) seja lutar contra a vida? Seja permanecer inerte a mudanças que por vezes nos forçam demais aceita-las?
Conhecer o desconhecido, caminhar por caminhos ainda não traçados anteriormente, na rota tão pragmática da vida contemporânea, talvez nos mostre maneiras de conseguir superar pressões abafadas com o tempo e pelo medo.
 Existe aqui a intervenção de uma POESIA QUINTANESCA

A morte nos causa medo.
A guerra nos causa medo.
O enterro de nós mesmos nos causa medo.
Mais medo de(o) que?
E este medo, de onde vem? Causa própria? Criação de provas contra si mesmo? Prefiro não argumentar!
Falei do dia do enterro de nós mesmos como exemplo para se observar a pulsão de morte enquanto desconhecida (angustiante, progressiva etc).Nunca saberemos o que se passa no momento em que somos enterrados e também nunca ninguém voltou para contar este momento da passagem. Passagem esta, por sinal, de onde pra onde?
Encontramos, quem sabe, nesta hora todas as respostas de nossa vida, para que cheguemos lá e outras perguntas surjam? Quem sabe? Quem dirá? Nunca saberemos, é o fundamento do estranho, do que inquieta por não haver resposta.
O desconhecido programa do enterro de nós mesmos talvez nos de margem para pensarmos que até o dia dela, a morte, chegar temos que continuar aqui ou ali ou acolá, seja de que lugar você estiver buscando entender (descompreender) esta passagem ou serão viagens de um navegante sempre estrangeiro onde quer que aporte.

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