http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Wz5IFl7uCis
BLOG SOBRE IDEALIZAÇÕES, IMAGENS, COMUNICAÇÕES e EXPRESSÕES QUE SURGEM DO MAIS PURO VAZIO, DO NADA MESMO E QUE TEIMAM EM INCOMODAR ENQUANTO NÃO CRIAM FÔRMAS.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Antes que o mundo acabe: retratos sobre a música The Queen is Dead .
O cerne da letra deste rock é o enfrentamento diante à figura da rainha, um lance fatal para abalar aquela que, usando interferências do jogo, talvez seja a peça mais rar
a do xadrez, por parecer ser a que ‘tudo pode’, a que movimenta-se pra todos os lados e sempre consegue se esvair do perigo.
A referência majestosa, no caso da música da banda inglesa The Smiths, é a vossa 'baixeza', a soberana da Grã-Betânia, a rainha da Inglaterra, transposta aqui para uma análise sobre a figura materna.
Chegamos por vezes a perceber na letra uma crítica expostas sobre o vínculo do príncipe Charles diante de sua mãe. Isso representa o poder que músicas transgressoras (protestos) podem, chegando-se a um auge, quando estrofes tocam profundamente na ferida edípica da realeza . Perfeito!!!! Bravo aqueles que conseguem ter um movimento social onde isso possa existir.
Deixando bem claro que a crítica maior da música refere-se ao distanciamento que a família real britânica tinha com a sociedade inglesa, buscando, inclusive, através da frase “Life is very long, when you’re lonely", projetar a solidão e falta de perspectiva da juventude. Mas pergunto-te: será isso somente?
Matar a rainha pode derivar inúmeras metáforas, inclusive a pseudo-ilusão de que assim podemos tornar-nos independentes, iludindo-se ao ponto de ludibriar-nos ser isso a vitória do jogo. O sangue desta morte é o mesmo que nos fez nascer !! Como é dúbia essa vida e oh! Como ela é longa quando se está sozinho!
Apesar de ser a figura central e aquela que se delega poder total sobre os ‘súditos’ ( filhos) não é dela que falo, porque, apesar de tudo, não é ela quem quero conquistar e demolir, e sim o outro, o majestoso e soberano Rei .
De que adianta, mata-la ou dizer que ela está morta se a vida torna-se vazia, quando isso ocorre e sabemos, ou vemo-nos ainda ditados a correr atrás de capturar (a atenção) do rei - Pai.
É ele quem vale, e a rainha, e com a rainha morta, descobrimos que ainda há muito a perseguir e que sem tal adversária o jogo fica até, quem sabe, sem graça. Centros de neuroses se afincam neste desespero ilusório de achar que a figura da rainha (mãe) é sempre mais imponente e importante, enquanto, apesar de o Rei, andar ‘devagar’, o que vale, mesmo, é saber que somente em sua derrubada é que se ganha o jogo!!!
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
O MUNDO ANDA TÃO COMPLICADO ... VEM CÁ MEU BEM !!
Somos sempre valorizados pelo olhar de outrem. Ouvi de uma tia certa vez, que em uma viagem à Paris visitando o Louvre se deparou com um grupo de jovens, alvoroçados em frente uma obra, menos preciosa da grande maioria dàquelas existentes em tal museu; uma obra que passava sempre despercebida até pelos guias, que por sinal se sentiram assutados ao
ver aquelas moças pedindo-os a tirar fotos e explicar tal obra.
Talvez tenha sido a primeira vez que aquele guia tenha 'perdido' seu tempo para olhar aquele quadro, e sem muito o que explicar pediu desculpas ao grupo de jovens e se foi, deixando-as certeiras de seu propósito inicial: chamar a atenção de outros turistas e demonstrar como as obras também necessitam de prestigio para assim serem valorizadas.
Já dizia o vanguardista Marcel Duchamp, em sua Teoria da Valorização : qualquer objeto pode tornar-se obra-prima, dependendo do valor que lhe é dado.
Não sou critica exemplar de nenhuma das sete artes e nem da Psicanálise, digo isso sem sentir a menor vergonha; possuo o bom senso da humildade me acompanhando, onde acredito que a aprendizagem só cresce se estivermos abertos ao 'desaprendizado'.
é preciso parar, olhar com olhos de câmera escura, onde através de um pequeno orifício percebemos a imagem a ser captada, aquela que realmente é valida a um engrandecimento interior e humano.
não é uma questão de etiqueta e sim de estética, 'gosto' e 'não gosto' disso é restringir o olhar e a vida !!! O acesso à vida ( vencendo as defesas) é amplo, aberto ao belo e ao diferente ( leia-se as diferenças).
é sempre mais confortável, já anteceder o que ocorrerá, antever e prever por que caminhos andar e quais obras visitar ao ir à um museu, mas será que não vale confiar um pouco mais nos sentidos??? Parando, olhando, escutando e com isso, aprendendo.
Entendo que o pessoal do museu ousou, arriscou, e ao perceber que sua ousadia ressoava no publico ( eles ofertavam prestigio ao que o grupo fazia), usaram-no como guias ao seu intuito inicial, e com isso concretizaram que sua ousadia havia surtido efeito.
Depois do encontro com os desencontros, o olhar, define a paixão ou não. Não importa como chegamos ate ela, deixar-se arrebatar pelo prazer ( de uma obra ou de uma paixão) tem que ser mais interessante que a erudição da angústia e do medo de tentar.
Talvez tenha sido a primeira vez que aquele guia tenha 'perdido' seu tempo para olhar aquele quadro, e sem muito o que explicar pediu desculpas ao grupo de jovens e se foi, deixando-as certeiras de seu propósito inicial: chamar a atenção de outros turistas e demonstrar como as obras também necessitam de prestigio para assim serem valorizadas.
Já dizia o vanguardista Marcel Duchamp, em sua Teoria da Valorização : qualquer objeto pode tornar-se obra-prima, dependendo do valor que lhe é dado.
Não sou critica exemplar de nenhuma das sete artes e nem da Psicanálise, digo isso sem sentir a menor vergonha; possuo o bom senso da humildade me acompanhando, onde acredito que a aprendizagem só cresce se estivermos abertos ao 'desaprendizado'.
é preciso parar, olhar com olhos de câmera escura, onde através de um pequeno orifício percebemos a imagem a ser captada, aquela que realmente é valida a um engrandecimento interior e humano.
não é uma questão de etiqueta e sim de estética, 'gosto' e 'não gosto' disso é restringir o olhar e a vida !!! O acesso à vida ( vencendo as defesas) é amplo, aberto ao belo e ao diferente ( leia-se as diferenças).
é sempre mais confortável, já anteceder o que ocorrerá, antever e prever por que caminhos andar e quais obras visitar ao ir à um museu, mas será que não vale confiar um pouco mais nos sentidos??? Parando, olhando, escutando e com isso, aprendendo.
Entendo que o pessoal do museu ousou, arriscou, e ao perceber que sua ousadia ressoava no publico ( eles ofertavam prestigio ao que o grupo fazia), usaram-no como guias ao seu intuito inicial, e com isso concretizaram que sua ousadia havia surtido efeito.
Depois do encontro com os desencontros, o olhar, define a paixão ou não. Não importa como chegamos ate ela, deixar-se arrebatar pelo prazer ( de uma obra ou de uma paixão) tem que ser mais interessante que a erudição da angústia e do medo de tentar.
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Recusas e inclusões do olhar.
" o fenômeno é completamente diferente para aquele que o olha de costas" ( Walter Benjamin)
Por vezes as negações - ou não aceitaçã
o das ofertas- são defesas arcaicas demasiado que acabam por ofuscar e impedir o poder do crescimento criativo ou utópico.
Deixa-se, com isso, de ter a possibilidade minuta da experiência, que seja: a troca, o encontro com a diferença.
Em tempos atuais onde a cultura do consumo ultrapassa o tempo da narração (descrição do que vemos, sentimos), cair na armadilha do egoísmo com a máscara da defesa egoica, é estabelecer esta cultura tanto quanto qualquer individuo alheio a invenção da vida !
A dúvida do que virá acontecer, o não-sei esburaca o estabelecido ! Arrisque-se !
É preciso resistir à cegueira que um narcisismo ainda imaturo emprega, tecendo fronteiras entre você e o outro;
É necessário sair um instante que seja, de um campo de conforto que aliado ao véu das boas intenções e dos pré-conceitos ferozes devoram as impurezas que marcam as diferenças, desobstruindo a visão e assim notando as heterogeneidades, ponto fundante do imaginário utópico.
Deixa-se, com isso, de ter a possibilidade minuta da experiência, que seja: a troca, o encontro com a diferença.
Em tempos atuais onde a cultura do consumo ultrapassa o tempo da narração (descrição do que vemos, sentimos), cair na armadilha do egoísmo com a máscara da defesa egoica, é estabelecer esta cultura tanto quanto qualquer individuo alheio a invenção da vida !
A dúvida do que virá acontecer, o não-sei esburaca o estabelecido ! Arrisque-se !
É preciso resistir à cegueira que um narcisismo ainda imaturo emprega, tecendo fronteiras entre você e o outro;
É necessário sair um instante que seja, de um campo de conforto que aliado ao véu das boas intenções e dos pré-conceitos ferozes devoram as impurezas que marcam as diferenças, desobstruindo a visão e assim notando as heterogeneidades, ponto fundante do imaginário utópico.
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Sempre resta um ninho criador: reencontro com alguém enviado do passado !
Sempre resta um ninho criador: reencontro com alguém enviado do passado !
há muito aguardava por este reencontro, já com várias tentativas, e com cada uma, um degrau alcançado.
aos poucos eu ia me aproximando, e tomando sustos com que ia descobrindo; assombrada por vezes por me perguntar: porque deixei tanto tempo pra isso ocorrer?
contudo esse assombro não era apenas por isso, mas principalmente
por me deparar com um 'mensagem' que houvesse enviado para mim mesma do passado; ali estavam descritos em oportunidades: cenas, sonhos e imagens do passado que se realizavam com clareza.
Há alguns meses iniciei um labutar com a infância que meticulosamente, me tece a cada dia em que entro em contato direto com a criança que vive em mim e que por severidade a abandonei sem dar-lhe escuta. O que hoje tento oportunizar, criando nostalgias de algo que na verdade nunca existiu de fato, a não ser em fantasias e imaginações.
Errante pelo mundo sigo assim, nostálgica dando voz e chance ao mundo infantil de alto poder CRIADOR ! Sempre me resta um ninho imaginário !!
Há alguns meses iniciei um labutar com a infância que meticulosamente, me tece a cada dia em que entro em contato direto com a criança que vive em mim e que por severidade a abandonei sem dar-lhe escuta. O que hoje tento oportunizar, criando nostalgias de algo que na verdade nunca existiu de fato, a não ser em fantasias e imaginações.
Errante pelo mundo sigo assim, nostálgica dando voz e chance ao mundo infantil de alto poder CRIADOR ! Sempre me resta um ninho imaginário !!
quarta-feira, 11 de julho de 2012
A poética contagia !
Assisti há alguns meses um espetáculo envolvente, chamado "Perfume para argamassa - intervenção poética e visual em paisagens urbanas" da companhia Trupe Perfumada de Goias. O espetáculo mistura dança, videos, música, mas principalmente a beleza simples e cálida da vida, a poesia.
Observando a performance dos idealizadores, somente me vinha à cabeça uma frase: a dança é o desenho da música em movimento. E neste espetáculo é demasiadamente nítido o desenho musical da dança.
Os bailarinos (re)constroem a música com a utilização do seu corpo e (sentido,somatório) principalmente de suas sombras, ou serão sobras?!!!
Unindo à musica o movimento da luz, traçando sombras nos muros da cidade e aqui no caso da nossa no centro Forte do Presépio. Ofertando com isso um estado ainda mais belo e sublime a performance.
A união da luz ao corpo resulta nas sombras, nas nossas sombras, penumbras de nós mesmos; outro existente em cada um, que nos acompanha sem desenho, somente em contornos, mostrando que nunca deixamos de ser sempre vários outros em um só corpo.
sexta-feira, 8 de junho de 2012
PARTINDO PARA UMA CRENDICE AMOROSA ONDE ELE TORNA-SE O TODO QUE ACALANTA MINHA PERDIÇÃO SOBRE A VIDA. SEGUE TEXTO SOBRE A CLAUDICAÇÃO INERENTE DO HUMANO QUE TORNA-O, E ME TORNA, SER DO AMOR.
SOBRE
O AMOR
“
A Psicanálise é, em essência, uma cura pelo amor.”
Freud, numa carta a Jung.
Freud, numa carta a Jung.
Qual o lugar do amor na Psicanálise? Esta é a pergunta que a
psicanalista Olivia Bittencourt Valdivia faz em seu artigo: “ A Linguagem
Interminável dos Amores”, e que tomamos como nossa. Como podemos
diferenciar o amor transferencial do amor cotidiano? Existe um amor
transferencial e um amor cotidiano distintamente? Será que o amor
transferencial não nos dão pistas sobre o amor cotidiano ou ainda será que
o amor cotidiano não nos dão pistas sobre o amor e ódio transferenciais?
“ Freud humano e apaixonado nos deixa os mapas de sua exploração.
Em seu percurso amoroso e sensual e autorizado pôr uma longa experiência clínica,
há muito se interrogava sobre a vida amorosa dos homens. Em fins do século
passado tentando entender a histérica percebeu que talvez ela quisesse dizer
alguma coisa com o seu corpo.
Alguma coisa que não conseguia dizer com palavras. E a histérica falou do
sexo, do amor, do ódio e da culpa. Freud sem querer, inaugurou o lugar da
Psicanálise, que é na verdade o lugar de uma relação de amor. Nesta relação
a libido refaz seus caminhos até a possibilidade de uma relação de amor com
o analista, que abre esta possibilidade para a vida do analisando. Freud
revolucionou a compreensão da noção de sexualidade colocando o sexual no
registro do pulsional, estabelecendo a idéia de uma impossibilidade de
satisfação, só encontrada através
da fantasia.”[1]
No rastro da sexualidade caminha o amor ou, como queiram, no rastro do
amor caminha a sexualidade. Assim como a meta da pulsão é satisfazer-se a
meta do amor é encontrar-se.
Aristófanes nos conta que nossa antiga natureza não era tal como a
conhecemos hoje e sim diversa. Os seres humanos encontravam-se divididos em três
gêneros e não apenas dois - macho e fêmea - como agora. Havia um terceiro gênero
que possuía ambas características e que era dotado de uma terrível força e
resistência e, além disso, de uma imensa ambição; tanto que começaram a
conspirar contra os deuses. Zeus e as demais divindades viram-se então tendo
que tomar providências para sanar tal insubordinação; tinham a alternativa
de extinguir a espécie com um raio, como haviam feito com os gigantes, porém
perderiam também as homenagens e os sacrifícios que lhes advinham dos
humanos. Pôr um outro lado permitir tal insolência pôr mais tempo era
impensável. Resolveu-se então parti-los ao meio, desse modo não
só se enfraqueceriam como também aumentariam de número. Assim foi
que até hoje, divididos como estamos, que
cada um infatigavelmente procura a sua outra metade.
Essa busca incessante aparece no discurso de nossos analisandos das
mais diversas formas, todos
desejam, em última instância ser amados. Todas as histórias narradas podem
ser lidas como histórias de amor.
Numa composição binária: atividade e passividade, sadismo e masoquismo,
paixão e recato, procura e espera, amar e ser amado, cada um à sua maneira e
todos numa mesma composição, desenvolvem o drama de suas paixões num palco
cercado pôr quatro paredes.
“A energia de Eros (libido), faz referência a tudo o que pode
sintetizar-se como amor, incluindo : o amor a si mesmo, aos pais, aos filhos,
à humanidade, ao saber e aos objetos abstratos. Nele convergem pulsões
parciais de ternura, ciúme, inveja e desejos sexuais orientados para os
mesmos objetos. O amor é , assim, apresentado como uma ampliação do
conceito de sexualidade e ao mesmo tempo ancorado na inadequação radical dos
objetos à satisfação sexual, vinculada a um fator de desprazer
inerente `a sexualidade humana.”[2]
Freud à partir dos três ensaios sobre a sexualidade, vai descrevendo
o processo de sexuação/subjetivação humana, como uma tentativa de convergência
das pulsões sexuais infantis (perverso polimorfo) à uma organização
genital adulta, na qual estaria presente a possibilidade de reprodução. Na
organização genital adulta, as pulsões se unificariam sobre o primado da
genitalidade e reencontraria então a fixidez e a finalidade aparentes do
instinto. Sabemos, entretanto, que este encontro/reencontro é da ordem do mítico.
A pulsão nunca se satisfaz; não pela “inadequação radical dos
objetos”, como coloca Olivia, mas pela inadequação da sua própria proposição
- satisfazer-se.
A pulsão cega, muda e perdida, encontra seus olhos, sua boca e seu
rumo no discurso amoroso. O discurso amoroso que, diga-se de passagem,
não recobre somente aquilo que entendemos como os belos gestos ou as
belas palavras, mas também os mais odiosos gestos e as mais estúpidas
palavras.
“ O discurso amoroso (odioso) sufoca o outro, que não encontra lugar
algum para a sua própria fala nesse dizer maciço. Não é que eu o impeça
de falar, mas sei como fazer para
deslizar os pronomes : Eu falo e você me ouve, logo nós somos (Ponge).
Às vezes, com terror, me conscientizo dessa inversão: eu que me acreditava
puro sujeito (sujeito submisso: frágil,
delicado, miserável) , me vejo
transformado em coisa obtusa, que avança cegamente, que esmaga tudo sob seu
discurso: eu que amo, sou coisa indesejável, faço parte do rol dos
importunos: aqueles que pesam, atrapalham, abusam, complicam, pedem, intimidam
(ou apenas simplesmente: aqueles que falam). Me enganei monumentalmente.
(O
outro fica desfigurado pelo seu mutismo, como
nesses sonhos terríveis onde certa pessoa amada aparece com a parte inferior
do rosto inteiramente apagada, sem boca; eu que falo , também fico
desfigurado: o solilóquio faz de mim um monstro, uma língua enorme.)”[3]
Este amor revelado num dizer maciço assemelha-se ao dizer psicótico;
parece-me que a condição do amor psicótico não leva em conta a distância
dos corpos, esta distância que aprendemos a respeitar e que às vezes
nos parece insuportável: “A gente sabe guardar distância: à mesa,
no trabalho, na rua, existe um espaço devido. Se me aproximo demais, coro,
desculpo-me. Por que tal distância? Eu quero companhia e quero solidão, mas
a distância convencional é menor que a pedida pelo desejo de estar comigo e
muito maior que a proximidade consoladora dos amigos que faltam.”[4]
A loucura não seria mesmo essa anulação da distância que sabemos
guardar uns dos outros? Não seria ela mesma um espécie
de verborragia que não levando em conta os espaços entres as palavras
inaugura uma outra linguagem? Linguagem que se estrutura para além ou aquém
dos sentidos alcançados pelos
eixos de referência usuais com os quais caminhamos? Caligaris dizia que se os
neuróticos organizam-se segundo um mapa terrestre, os psicóticos se
organizariam segundo um mapa estrelar!
Mas seria mesmo só da loucura todas estas atribuições? Me parece que
o ser apaixonado também almeja algo parecido: fazer de dois - um.
O ser apaixonado elege o seu amado`a condição de único, onipresente
em seus pensamentos e em seu corpo. Onipotente em suas capacidades. Me parece
que o ser apaixonado alcança o impossível, e por ser o impossível, não
perdura. O impossível é dar nome a algo inominável, é se apropriar de algo
inapropriável.
“Por uma lógica singular, o sujeito apaixonado percebe o outro como
um Tudo (a exemplo de Paris outonal), e , ao mesmo tempo, esse Tudo parece
comportar um resto que não pode ser dito. E o outro tudo que produz nele uma
visão estética: ele gaba a sua perfeição, se vangloria
de tê-lo escolhido perfeito; imagina que o outro quer ser amado como
ele próprio gostaria de sê-lo, mas não por essa ou aquela de suas
qualidades, mas por tudo, e esse tudo lhe é
atribuído sob a forma de uma palavra vazia, porque Tudo não poderia se
inventariado sem ser diminuído: Adorável!
não abriga nenhuma qualidade, a não ser o tudo do afeto. Entretanto, ao
mesmo tempo que adorável diz tudo,
diz também o que falta ao tudo; quer
designar esse lugar do outro onde meu desejo vem especialmente se fixar, mas
esse lugar não é designável; nunca saberei nada; sobre ele minha linguagem
vai sempre tatear e gaguejar para tentar dizê-lo, mas nunca poderá produzir
nada além de uma palavra vazia, que é como o grau zero de todos os lugares
onde se forma o desejo muito especial que tenho desse outro aí (e não de um
outro).”[5]
Discutindo sobre o conceito de objeto (a), na teoria lacaniana, Nasio
se pergunta: “Quem é o outro, meu parceiro, a pessoa amada? Quando Freud
escreve que o sujeito faz o luto do objeto perdido, ele não diz ‘da pessoa
amada e perdida’ e sim do ‘objeto perdido’. Por que? Quem era a pessoa
amada que se perdeu? Que lugar ocupa para nós a ‘pessoa’ amada? Mas, será
realmente uma pessoa?/ Coloquemo-nos
no lugar do analisando, que deitado no divã, pergunta a si mesmo: ‘Quem é
essa presença atrás de mim? É uma voz? Uma respiração? Um sonho? Um
produto do pensamento? Quem é o outro?’ A psicanálise não responderá que
o ‘outro é...’, mas se limitará a dizer: ‘ para responder a essa
pergunta, construamos o objeto (a).’ A letra (a) é uma maneira de nomear a
dificuldade; ela surge no lugar de uma não resposta”.[6]
De uma certa maneira poderíamos dizer que o apaixonado mimetiza a
letra (a) na pessoa amada. O ser
amado passa a ser a causa animadora dos desejos do ser apaixonado. Na ilusão de um ser
total, completo, no qual nada falta, que lhe pode dar tudo e negar nada. Numa
perspectiva lacaniana, o ser amado concebido desta maneira estaria no registro
do (A) , grande Outro não barrado. Podemos ver aqui, uma suposta causa de inúmeros
sofrimentos de amor, onde o ser apaixonado tenta alcançar no outro algo
impossível, um gozo impossível. O assassinato ‘por amor’ talvez reflita
um anseio, uma tentativa desesperada, de atingir o outro em sua
imaginada, desejada ‘essência’.
A desejada captura da ‘essência do outro’ na verdade refere-se à
uma busca de nós mesmos; uma
procura não apenas de uma suposta unidade
perdida, como também da força determinante, pulsional que nos atravessa e
nos constitui. Nos constitui como seres estranhos a nós mesmos. Talvez o ser
apaixonado reproduza inconscientemente a alienação primordial ao Outro, numa
tentativa de metabolizar (ao estilo da repeticão traumática) esta experiência
infantil alienante/constitutiva. Um mergulho na própria imagem especular.
Nossas associações nos
levam a pensar nas indicações de Freud quanto aos tipos de escolhas objetais
sob as quais uma pessoa pode amar; seriam elas do tipo narcísico e do tipo
anaclítico. Nunca encontramos essas categorias em seu estado puro, mas sim
mescladas , sobressaindo um pouco mais desta do que daquela. Na paixão o que
talvez se destaque seja o amor narcisista, o qual corresponderia à :
a) o que ela própria é, b) o que ela própria foi,
c) o que ela própria gostaria de ser, d) alguém que foi uma vez parte
dela mesma. Na atitude afetuosa dos pais para com os filhos, onde Freud
reconhece uma revivência e reprodução do
próprio narcisismo infantil dos pais, estaria um
modelo de amor, entre um homem e uma mulher adultos, do qual falávamos.
Como Freud postula existiria ainda o modelo de relação por apoio ou
anaclítico. A escolha objetal por apoio se
constrói à partir dos modelos das primeiras satisfações sexuais que se
derivam da satisfação adquirida pelas pulsões do ego ou de auto-preservação.
Entretanto, nos fica a pergunta, se não há ai também um
modelo predominantemente narcísico de ralação, pois como falávamos
acima, os cuidados dos pais para com os filhos, se baseiam, desde a idade mais
precoce, em princípios puramente narcísicos: “A criança terá mais
divertimento que seus pais; ela não
ficará sujeita às necessidades que eles reconheceram como supremas na vida.
A doença, a morte, a renúncia ao prazer, restrições à sua vontade própria
não a atingirão; as leis da
natureza e da sociedade serão ab-rogadas em seu favor; ela será mais um vez
realmente o centro e o âmago da criação - ‘Sua majestade o Bebê’, como
outrora nós mesmos nos imaginávamos.”[7]
Será que estas categorias, anaclítica e narcísica, realmente fazem
algum sentido para nós?
Será que o amor não é sempre um amor narcísico?
Cabe neste momento passarmos a fazer uma distinção entre o amor e a
paixão, entre o que concebemos como amor no sentido mais “pleno” da
palavra e o amor como sentimento fugaz, esvanecente.
Pudemos localizar apenas um aspecto do amor
quando definíamos o ser
amado no lugar do (A), grande Outro não barrado, ou seja
do outro que tem, que possui o que dá,
do outro supostamente completo. O amor propriamente dito, se situa
diante do Outro destituído do que dá, do
grande Outro barrado, (A), em outras palavras do outro reconhecido em sua
castração. Seria neste espaço que encontraríamos não mais a paixão, mas
sim o amor.
Eu sei do meu desejo de capturar o outro e fazer dele a minha semelhança,
eu sei que meu desejo me transborda e não reconhece diques, eu sei que por
‘amor’ sou capaz de matar para
me fazer existir.
No amor passa-se a saber não só sobre o próprio desejo, mas também
sobre O desejo e que frente a ele não
há um, e sim, dois. Quem disser que cabe só ao psicótico “esquecer” que
existe um outro distinto, com uma lógica que lhe é peculiar , autônomo e
independente em sua própria maneira de desejar e construir o mundo, com
certeza nunca terá se apaixonado.
Sócrates no ‘Banquete’, leva seus ouvintes à conclusão
de que o amor não pode ser belo; pois ama-se sempre aquilo que lhe
falta e o amor, que ao belo sempre ama, (quem ama o feio, bonito lhe parece) só
pode então ser destituído de beleza. Neste sentido o amor mostra uma de suas
facetas mais narcísicas: a pessoa
dirige seu amor ao que ‘ela própria gostaria de ser’, e porque não dizer
como Sócrates : ‘ ao que ela própria gostaria de possuir.’
Entretanto Diotima fará Sócrates avançar em sua retórica sobre o
amor...de uma maneira belíssima discorrerá por axiomas que irão chegar a um
resultado mais belo ainda. Não é
por ser o amor destituído de beleza que ele seja necessariamente feio (narcísico?)
dirá. O amor parece ser um intermediário entre os homens e os Deuses.
Equivalendo o amor ao bem, comenta algo assim: os homens desejam o bem,
mas não desejam só o bem e sim possuir o bem - e possuir o bem seria antes
possuir o bem para sempre. A fim de que desejariam possuir o bem para sempre?
“Em concreto, qual o efeito que eles (os amantes) visam (desejando
possuir o bem para sempre), sabes dizer-me?”
Sócrates coloca : “Se o soubesse, não estaria aqui a admirar a tua
ciência, Diotima, nem seguiria as
tuas lições para me instruir nessas matérias...”
Pois bem, Diotima diz : “o alvo do Amor não é de fato o Belo”,
como supõe Sócrates, mas sim “Gerar e criar no Belo!” E
gerar concretamente, pois para o ser mortal esta é a única via de se
perpetuar e imortalizar:[8]
“o Amor tem igualmente em vista
a imortalidade”[9]
Gostaria de acentuar com esta passagem que Diotima aponta para uma
possibilidade de amar que ultrapassa a esfera pessoal e culmina com a
criação, a qual se contrapõe à
repetição.
O amor em Freud nos leva a pensar o amor como repetição, estamos
inseridos numa cadeia de imagos, marcados pelas impressões infantis, das
quais não podemos nos furtar. “Quando amamos não fazemos mais que repetir;
encontrar o objeto é sempre reencontrá-lo e todo o objeto de amor é
substitutivo de algum objeto fundamental prévio à barreira do incesto.”[10]
Em seu artigo, Olivia coloca que, em contraposição à Freud, a boa
nova de Lacan foi mostrar que “há possibilidade de novos amores possíveis”,
“Lacan define o amor como aquilo que vem em suplência da relação sexual.
Na impossibilidade da relação sexual ligada ao Real, há uma reversão simbólica
permitindo ao sujeito a ilusão de que a relação sexual é possível. Na
medida em que é momentânea, não consegue manter a certeza e se dá outra
reversão imaginária que se revela como amor ”[11]
Penso que Diotima nos mostra
como o amor transcende o amor imaginário, através do ‘gerar no
Belo’ e amplia assim as possibilidades de suplência da ‘relação
sexual’.
Poderíamos ainda seguir discutindo sobre város temas que se abrem
quando falamos do amor, por exemplo quanto a especificidade do amor do homem e
do amor da mulher, que penso terem qualidades (e defeitos!) próprios, mas
temos que nos reconhecer castrados também em relação à nossa criação.
Quanto a disposição inicial
em discutir as
singularidades do amor de transferência do amor cotidiano não creio
que tenhamos feito muitos avanços. Miller discutindo sobre o amor de
transferência, numa das conferências de Caraquenhas, nos mostra como esta
distinção parece um tanto quanto arbitrária quando olhada com mais cuidado,
pois se reconhecermos o amor de transferência como “uma repetição
estereotipada das condutas inscritas no sujeito, dispostas a ressurgir quando
se lhes dá ocasião” , isto, como diz Miller “é certo para todo amor”.[12]
Assim como o amor não é algo do dia a dia, a entrada em análise também
não. Porém quando esta acontece é indicação que aquela já se tornou possível,
ou será ao contrário? A associação livre tem algo de uma postura alienada
em relação ao outro ao qual se dirige a fala. Um pouco como a fala do
apaixonado que com o seu discurso busca um sentido e um continente para sua
emoção. O analista como suporte e condicionador da fala do seu analisando,
aposta no inconsciente, transmitindo a idéia e a comprovação impírica, de
que no limite da fala , da palavra, pode ser encontrada a verdade sobre o
Outro que representa a si mesmo. Diríamos que o analista tem a função de
balizador do gozo[13]
do Outro, isto quer dizer que não só serviríamos como testemunhas da castração
como também seríamos um eixo de referência às modalidades do sujeito
gozar.
Deixamos de lado, influenciados pela tortuosidade e dispersividade que
o próprio tema provoca, talvez
uma das discussões principais deste trabalho, a saber: De que amor se trata ,
quando Freud , afirma que ‘a psicanálise é em essência uma cura pelo
amor’! Freud cientista, Freud céptico quanto à própria natureza do homem[14],
nos deixa um pouco embaraçados com uma afirmação como esta. Talvez tenhamos
que dar atenção ao interlocutor a quem se dirige a frase com o fim de
justificá-lo (desculpá-lo)? Mesmo assim, de que maneira?
Todavia temos ainda a possibilidade de acreditar que o amor a que se
refere Freud não é o amor judaico-cristão do qual descendemos, mas sim uma
outra espécie de amor. Uma outra espécie de ‘aproach’.
Mas, que espécie de amor/aproximação é esta?
Diríamos que a isto
que Freud dá o nome de amor poderia
ser pensado como todas as nossas condutas que, conscientemente ou não,
sintetizam a nossa ética, que num resumo um tanto grosseiro, significam:
saber que o sofrimento é algo inerente à condição humana, que não
podemos viver no lugar do outro algo que lhe é próprio, que não podemos
apartar o sofrimento de quem quer que seja , no máximo, acompanhá-lo.
Publicado originalmente no site: http://www.psicoway.com.br/iso/sobre_o_amor.htm
sexta-feira, 18 de maio de 2012
18 de Maio
Que manicômios temos - lê-se, queremos, hoje em dia !?
O asilar é algo muito mais sutil e nada obvio para se restringir a manifestações indignadas as instituições confinadoras.
A atualização dos raciocínios se faz necessários senhores PSI- Psicólogos, Psiquiatras, Psicanalistas...
Comemorar um dia de conquista anti-manicomial não é acreditar que era isso, apenas.
A graça da vida está nas suas sutilezas, esse é o Poder !!
O asilar é algo muito mais sutil e nada obvio para se restringir a manifestações indignadas as instituições confinadoras.
A atualização dos raciocínios se faz necessários senhores PSI- Psicólogos, Psiquiatras, Psicanalistas...
Comemorar um dia de conquista anti-manicomial não é acreditar que era isso, apenas.
A graça da vida está nas suas sutilezas, esse é o Poder !!
OBRIGADA ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO e todos que fizeram da arte uma VERDADEIRA possibilidade de libertação !!
quarta-feira, 9 de maio de 2012
O medo que o medo tem
entender que o medo é fundante do ser humano já nos é sabido desde cedo dos anos, mas descobrir-se um medroso nato não é tão simples assim de aceitar.
quando você poda desejos latentes sem um ' o que' palpável e ainda sendo tomado de uma ânsia incontrolável que lhe letargia, Como reagir ?
ou A quem recorrer?
Um apavoramento, uma agonia perturbando seu intimo, mexendo consigo a tal ponto de exauri-lo de temor; então o que fazer ?como controlar esse medo de desejar?
Desejo que só o ser das profundezas de nós, povoa, e contra ele somos demasiado covardes, por que somos derrotáveis a primeira partida. Ele realmente é um tão estranho que cria vácuos entre nós. Vácuos que teimamos vez por outra desejar cair, com a infeliz ideia de querer ter o poder do controle. Lá a atmosfera é outra !!!
Respeitar este vazio é cuidar de si, sem necessariamente se desesperar ao menor indicio de não consegui 'enxergar-lo'; ele é da categoria do desconhecido e sempre será, 'pai' da angústia e do medo.
Podemos clamar pela possibilidade de se apropriar de algo que não se vê, transcendendo à imagem e à formas simétricas, claras, e até me arisco em dizer: coloridas.
O fotógrafo esloveno Evgen Bavcar busca as relações entre a cegueira, a imagem, a visão e a invisibilidade.Cego desde dos 12 anos de idade, Bavcar antes de fotografar tentar retirar o máximo da imagem que está sendo criada, trabalha geralmente à noite, para ter um maior controle sobre a claridade diurna, que nem 'de longe' faz parte de seus caminhos. Através das mãos marca a distância entre o objeto e a câmera e para fazer retratos, eleva a câmera na altura dos rostos, guiado pelas vozes das pessoas.
Sua catástrofe transformou-se em representação de onde extrapolaram criações da escuridão, sem que o temor do medo lhe causasse exaustão, vergonha, pânico e destruísse seu poder de criar e de efetivar uma utopia possível.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
terça-feira, 1 de maio de 2012
Ufa, sobrevivi a mais um Natal!!!
... sobre pensamentos bobos e filosofias enormes.
quando vão aproximando-se as chamadas festas de fim de ano, já começo a ficar com um certo grau, mais elevado que o normal, de angústia. Talvez um espirito anti-americano, talvez saudade (in)consciente dos que já não estão presentes, talvez um nada que me suscita este incomodo natalino ...
Diante destes desejos e angústias aleatórios apresentam-se pensamentos significativos, sobre o cotidiano da cultura atual.
Antes, quando eu era criança, e isso não tem mais que vinte anos, só a presença- ausente da visita do Noel já era mágico, só que com o passar dos anos fui perdendo esta magia e hoje ao menor indício de saber que ele pode vir me visitar, eu já me incomodo a tal ponto de não querer recebê-lo.
Aquele nervosismo 'gostoso' da espera transformou-se em repúdio !!
O presente não é mais o papai quem dá, hoje pode ser a mamãe, o titio, a vovó ... mas o Papai - Noel - não!!! A magia de aguardar alguém, na boca da noite, passar e lembrar do seu pedido naquela noite, foi substituída por um 'presente enorme' em que um substituto, mais envaidecido que nunca, quer lhe dar.
Estes pequenos dilemas tornam-se grandes questões mascaradas de charadas, aparentemente, bobas ...
Meu desencanto não é muito diferente de series de pensamentos com que adultos teimam em perder suas noites.
Meus dilemas podem ser aparentemente ridículos mas com certeza ocupam longas jornadas de discussões, pois desconfio que questões bobas ocupam posições significativas; já que particularmente pensar em uma menina às voltas com suas angustias natalinas tem tudo à ver com as garantias culturais e principalmente familiares que tais instituições oferecem atualmente.
quinta-feira, 22 de março de 2012
Desfazendo a forma
no auge de uma inflação de animos e de festas de fim de ano chatas, desfazemo-nos !!!!
A utopia nos mostra formas outras de ao menos dar possibilidades de não-estagnação de pensamento.
Em dias atuais, onde a obscuridade de imaginação, a penumbra das auto-ajudas enquadram nossos pensamentos, escritas e falas, um corte nesta cadeia gera uma alternativa.
Determinadas formas acadêmicas de vivenciar a Psicanálise se mostram espelhos do senso comum, neblinam o artifício propulsor da teoria fundada por Freud, empoeiram nossos pensamentos e caem no erro dos guias de cabeceira: a mesmice.
No furor de uma máquina sem pausa para pensar, na constante cobrança por produções cientificas recai hoje o academicismo da Psicanálise, criando neste formas reflexas deste contexto autômato, ou seja, sem criação, com falta à inovação, recusa ao diferente da forma convencional. Por isso, creio um corte antes (ou no meio) do colapso se clama.
Remete ser isto, uma anestesia acadêmica reflexo da anestesia vivida atualmente, capturando aqueles que produzem seus textos acadêmicos, criando nestes automatismos, e talvez opacidade. Revelando na utopia ou em preceitos da arte não uma nova forma, mas ao menos uma discussão do que ela pode pausar nestas atividades embrutecedoras.
Evidentemente as Utopias não nos dirão onde, como ou por que fazer o corte, muito menos, o que pretende com isso, mas apostamos que refletir sobre esta questão, é fundamental para podermos quem sabe atravessar a obscuridade do instante, como dizia Ernst Bloch, no Principio da Esperança.
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